Quatro projetos do ITQB NOVA recebem total de €200 000 para acelerar entrada no mercado
Os projetos são liderados por Juan Ignacio Vilchez, Maria Miragaia, Margarida Saramago e Lígia Martins, e respondem a desafios reais da sociedade, como a salinização do solo, antibióticos para bactérias multirresistentes, terapias seguras para doenças letais entre os felinos, e o desenvolvimento de adoçantes alternativos. Cada projeto recebe um financiamento de €50 000 cada, ao longo de 12 meses, para acelerar a sua entrada no mercado.
Os quatro vencedores foram selecionados entre 19 candidaturas, por um painel de 11 especialistas internacionais, com décadas de experiência nas áreas de inovação, empreendedorismo e capital de risco.
Desde 2021, o programa já apoiou mais de 12 projetos, que captaram mais de €250 000 em financiamento adicional de entidades como a Fundação la Caixa e o Conselho Europeu de Investigação, tendo dado origem a três pedidos de patente já registados, encontrando-se outros em fase de análise e submissão.
O Fundo de Prova de Conceito InnOValley é uma iniciativa do Município de Oeiras no âmbito da Estratégia para Ciência e Tecnologia de Oeiras, em parceria com institutos do ecossistema científico de Oeiras. Em 2025, o programa reforça o seu alcance com a entrada de dois novos parceiros estratégicos: o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e o NIMSB – NOVA Institute for Medical Systems Biology, ambos sediados em Oeiras.
Saiba mais sobre cada um dos projetos:
- O projeto Saltshield, liderado por Juan Ignacio Vilchez, propõe desenvolver uma solução para a salinização do solo, uma ameaça global crítica que afeta cerca de 800 milhões de hectares de terras agrícolas em todo o mundo e que provoca quebras de rendimento até 50%. Trata-se do desenvolvimento de um inoculante para revestimento de sementes/plântulas, seco e estável à temperatura ambiente, feito a partir de um consórcio de duas estirpes de bactérias halofílicas nativas selecionadas pelas suas capacidades complementares.
- Para fazer face à crescente ameaça à saúde global, o projeto liderado por Maria Miragaia pretende desenvolver um novo antibiótico à base de metais, desenhado para contornar mecanismos de resistência e reduzir o risco de emergência de novas resistências. Após terem obtido resultados in vitro promissores, com este financiamento o projeto Next-Gen Metal-Based Antibiotics vai poder avaliar a eficácia in vivo deste composto, em modelo animal de infeção, estudar a interação com o sistema imunitário e caracterizar o seu perfil farmacocinético. Estes esforços visam aproximar a tecnologia da aplicação clínica e atrair parcerias industriais para o seu desenvolvimento e comercialização.
- A peritonite infeciosa felina (PIF) é uma doença letal causada pelo coronavírus felino (FCoV), para a qual não existem vacinas nem tratamentos amplamente aprovados. O projeto liderado por Margarida Saramago propõe-se a desenvolver antivirais otimizados dirigidos à nsp14 do FCoV. Esta enzima viral é altamente conservada e considerada um alvo farmacológico viável, cuja inibição bloqueia a replicação viral. O projeto A Cure for Feline Infectious Peritonitis pretende otimizar derivados, através de desenho racional de fármacos, avaliar a sua atividade antiviral em células felinas e explorar efeitos sinérgicos com análogos de nucleósidos. Esta abordagem visa desenvolver uma terapia segura, eficaz e acessível para a PIF, com elevado potencial translacional.
- O mercado de adoçantes está a evoluir rapidamente, impulsionado pela crescente procura por alternativas mais saudáveis aos açúcares convencionais. Os açúcares raros, presentes em pequenas quantidades na natureza, como adoçantes alternativos e pelo seu potencial benéfico para a saúde. No entanto, a sua produção comercial enfrenta obstáculos, devido a métodos ineficientes e de baixo rendimento. O projeto Next-Generation Natural Sweeteners, liderado por Lígia Martins, propõe uma plataforma biocatalítica inovadora baseada em oxidases de piranose, enzimas capazes de oxidar seletivamente posições específicas em açúcares. Diferentemente dos processos baseados em epimerases, limitados pelo equilíbrio e baixa conversão, esta abordagem permite maiores eficiências sob condições suaves. Foi já validada uma prova de conceito para a produção de D-alose, tendo sido submetida uma patente. Esta tecnologia estabelece um novo paradigma para a síntese de açúcares raros, aliando a precisão da biocatálise à química verde, com impacto direto na produção industrial de adoçantes saudáveis e soluções biofabricadas sustentáveis.